sábado, 2 de maio de 2020

sem título

o vento a bater as asas
e as árvores desde a sua casca a testemunhar
altos voos em concerto da sua plumagem extrema
um caminho à vista pelo álamo abaixo
e infinitos atalhos entre o canto secreto das dríades

que infinita sedução a do caminho mais curto
que não leva a lado nenhum
não há sítio para chegar
se não partimos de ítaca, o retorno é simplesmente poético
e ainda há tantas estrelas no ar
ainda há tantas velas para içar
um sextante perdido no mar
um albatroz que teima em voar
sem levantar voo do convés
não
o caminho não é curto para quem gosta de andar
para mim só a infinita lonjura do horizonte.


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