segunda-feira, 30 de dezembro de 2019
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
sem título
domingo, 8 de dezembro de 2019
sem título
quinta-feira, 5 de dezembro de 2019
sem título
domingo, 24 de novembro de 2019
terça-feira, 19 de novembro de 2019
sábado, 2 de novembro de 2019
poerotismo
sem título
é ser intransponível e sermos-lhe inescapáveis
é vir como um cometa daqueles que não são profecia
abater-se sobre o frágil corpo dos homens.
é assim uma música que nunca se esquece
da qual não sabemos se somos ouvintes ou acordes.
terça-feira, 29 de outubro de 2019
o quarto estado
arrombasse as portas
acendesse a luz
ou na escuridão riscasse um fósforo à moda antiga
alguém que viesse de chapéu ou boina ou fuzil
alguém que trouxesse vestidos os séculos num lenço ao pescoço
a aspereza dos condenados da terra nas mãos
e o sorriso das crianças ainda nos olhos
alguém que viesse a cantar em torno de uma fogueira
era preciso que chegasse alguém
que tivesse ardido numa pira
que tivesse sido executado amarrado ou de punho levantado
que fosse uma mulher de filho ao peito
ou de mão à ilharga
alguém que já tivesse pintado um quadro
ou que tivesse sido caçado como um escravo
por um cão no meio do algodão
alguém que já tivesse mesmo mesmo respirado
ar parado
era preciso que chegasse alguém
alguém que viesse na linha da frente de peito cheio
ou alguém que viesse atrás amedrontado,
mas que viesse.
era preciso que chegasse alguém
que derrubasse mentiras com os punhos
e construísse verdades com o olhar
que viesse na máquina do tempo
movida a energia nuclear ou a carvão.
era preciso que chegasse a voar
nas asas da rebelião.
era preciso que chegasse alguém
desses que todos os dias chegam
e desde sempre cá estão
sem título
sexta-feira, 30 de agosto de 2019
sem título
passou hoje um cometa
que afinal era um rio
ia por aí afora incandescente
como não veio na tv
não existiu
as suas labaredas queimaram todos os animais
as suas temperaturas explodiram todos os termómetros
as suas lágrimas emocionaram os crocodilos ou jacarés ou lá o que é
onças pintadas de todo o mundo uniram-se
e uns milhões de patacos apagaram porra nenhuma
enquanto os cânticos mais antigos de trabalhar a terra lavaram a fuligem do fogo e o verdete da prata
dizendo ao mundo que até à árvore mais antiga
o rio domina.
segunda-feira, 22 de julho de 2019
segunda-feira, 24 de junho de 2019
sem título
não me lembro mas era importante
na verdade, resta-nos a rua estreita
o amplo oceano sob o ar
as palavras dos mestres a soprar as velas
que nos movem vogando as cristas
do planeta que nos calhou na sorte
e os poemas dos outros
que encerram sempre o começo das estrelas
e o fim do mundo.
sexta-feira, 3 de maio de 2019
sábado, 27 de abril de 2019
sem título
vim aqui,
a este poema,
dizer-te que foi o maior privilégio
rodar a chave na porta da tua casa
e que cada cerveja contigo
era a última coca - cola do deserto.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
a escola
domingo, 10 de fevereiro de 2019
uma rosa
pelo teu cheiro
mantive-me à porta entreaberta dos planetas
sem saber das luas cheias
ou das florestas impossíveis
que do horizonte lançavam o azimute do futuro
para que os desnorteados seguissem seu rumo
esperei meia-vida do isótopo mais estável
pela cratera no meio do peito cheia de flores
e pelas pequenas galáxias espalhadas
um pouco por todos os lençóis
até que essa enchente derramasse sobre todas as peles
o toque de uma mão que não larga
que não desiste
que atravessa o vazio inteiro
do que já não nos separa.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019
sem título
com as artérias de um a pulsar no corpo do outro
por dentro
e acordar no dia seguinte e não ser de um sonho.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2019
tempo mau para lirismos
já tantas vezes
é quase certo
te disseram
onde não há verdade
não há poesia
por isso nenhuma onda do mar é poesia
acaso não sejam verdadeiros tanto mar
como onda
nenhum amor em verso que não exista
por isso a revolução poética
é a menos romântica
é a que se faz.