pequeno adágio

escuta a idade

ouve os silvos e o silêncio 

e tudo o que existia já quando nasceste

escuta a idade

primeiro 

a dos outros

depois a tua. 

acesa

levo justamente à ponta da língua

a polpa do meu dedo

e inundo-me no sabor do teu dilúvio. 

sem título

às vezes parece que dou uns passos em volta

da minha vida 

como quem contempla a distância segura

uma sepultura

onde ninguém deixou flores. 

sem título

sorves o ar que eu ia respirar

as nossas mãos, arrepiando os lençóis, flores a abrir ao contrário uma na outra.