segunda-feira, 18 de abril de 2022

sem título

consagra-me à pele apenas uma labareda do teu tempo e uma uva dos teus lábios

sigo o escuro para ver com os dedos o que não vejo à luz 

basta essa fome precipitada de manhãs a nascer-te no rosto

e morrer em golfadas de vida
a respirar milhões acelerados está bom.


sábado, 9 de abril de 2022

por acaso

nada quero além de parar de largar este ferrado
que turva os éteres e as respirações
para que possa silencioso escapar por entre as delicadas cordas de mil harpas,
eu próprio ver o caminho
e aprender a tocar.

sexta-feira, 8 de abril de 2022

sem título

a chuva já veio lavar o caos da terra estalada
do ar limpar as areias amarelas dos desertos
mas veio tarde para nos limpar da alma a morte extrema
e tornar clara esta obsessão de ver ordem na violência desde que o agressor sejamos nós.