segunda-feira, 25 de maio de 2020

quinta-feira, 21 de maio de 2020

sem título

não saberemos do sabor das nêsperas
enquanto não formos de novo crianças
e descalços treparmos a rugueza dos troncos
no fim da tarde
no início do verão.


quinta-feira, 7 de maio de 2020

sem título

nós viemos
e já ninguém sabe de onde
tu que sabes
tudo da minha vida
nem sabes se vim de caetobriga
ou de gwadybelas
e o pior
deixo-te uma pista

podes beber um café fora o fim do mundo
(já ninguém joga no ajax)
e há sempre
entre maio e setembro
caracóis.

diz quando chegares à esplanada
não queremos marmelada branca, obrigado.

domingo, 3 de maio de 2020

sem título

a verdade
a verdade é que olhamos uns para os outros
e isto é tudo
um grande centro
de um engano
fun
da
men
tal
desde a origem
ao fim dos apocalipses
a verdade
a verdade é que isto é tudo uma grande
incógnita filha da putice.

sábado, 2 de maio de 2020

sem título

o vento a bater as asas
e as árvores desde a sua casca a testemunhar
altos voos em concerto da sua plumagem extrema
um caminho à vista pelo álamo abaixo
e infinitos atalhos entre o canto secreto das dríades

que infinita sedução a do caminho mais curto
que não leva a lado nenhum
não há sítio para chegar
se não partimos de ítaca, o retorno é simplesmente poético
e ainda há tantas estrelas no ar
ainda há tantas velas para içar
um sextante perdido no mar
um albatroz que teima em voar
sem levantar voo do convés
não
o caminho não é curto para quem gosta de andar
para mim só a infinita lonjura do horizonte.