sábado, 14 de novembro de 2020

pra cima de poeta

é um reino vazio
um olimpo que ninguém narrou
e nós, cá de baixo, com sorte, deitamos-lhes uns dinheiros no chapéu
o céu sobre Berlim tem anjos
o chão do mundo tem poetas
que ascendem crepitando nas chamas das palavras
e acendem archotes no peito dos mortais.

terça-feira, 3 de novembro de 2020

sem título

o meu sangue, orquídea negra, a espalhar-se
de raizes aéreas rompendo a floresta
estendendo apenas as saudades à casca da árvore
de onde brotara
o meu sangue como um fantasma 
habitando o futuro e todo o mundo aplaudindo de pé
a miragem de um oásis
como se fosse um milagre estar vivo



no deserto.