sexta-feira, 7 de junho de 2013

sem título

já não há que dizer,
já não pode bastar escrever.

escrito no sangue dos vivos
está o último fôlego dos mortos.

não há já gritos, nem punhos,
nem protestos, nem discursos,
há poder cativo, e urgente libertação.

não há já palavras que bastem nem vai haver.

só a poesia em movimento,
entrando como ar nos nossos pulmões,

derrubará o dique que represa a pressa de progresso,
incontível rio de sonhos antigos,
e só então nossas mãos se abrirão poderosas alvas asas.


2 comentários:

Maria disse...

está chegando o tempo. esse tempo...

M. disse...

As mãos que se fecham em punho são as mesmas que se abrem em par como asas...