quinta-feira, 6 de setembro de 2018

sem passado se retorna ao passado

eis o ciclo venenoso da serpente que não matámos no ovo
as falsas bandeiras soprando ódio pelo túnel de vento 
construído com os tijolos das nossas escolas e os salários dos professores contratados 
os medos alastrando como uma doença pela pele afora contaminada pelo ar infecto dos esgotos construídos com o cimento dos nossos hospitais
a falta de tudo sentida assim no âmago de quem nunca teve nada
e essa voz que exige o fim da democracia mascarada de fim da corrupção
que anda pelas ruas de mão em mão sem morada fiscal 
mas sempre domiciliada no paraíso fiscal do aldrabão 

eis um veneno que se injecta nas veias da ignorância  
uma passadeira vermelha caminhada por ilusão 
um livro de estante dos destaques do hipermercado 
um imposto demasiado caro para um serviço que só apetece pedir o livro de reclamações
uma escola fechada um hospital com direito de admissão
um teatro igreja universal e um actor de esmola na mão 
uma ciência terraplanada e um doutor de bolsa não será possível agradecemos a sua compreensão
um polícia raivoso na fábrica ocupada e em auto-gestão e detectives brandos a ajudar a esconder as contas do patrão
uma mão na massa enquanto milhões amassam o pão

é nesse pântano que se torna ténue sem que nos apercebamos a luz
e ao contrário do que se passa com as igrejas
os museus iluminam bem mais quando não ardem.

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