quarta-feira, 13 de abril de 2016

Porto, Abril de 2016



cidades-lágrimas são calor no meio das pedras.


as gotas da chuva reflectem, cada uma, todo o mundo ao ser redor e, enquanto a gravidade as vence, reflectem na superfície a paisagem cada vez mais pequena que, ainda assim, partilha sempre metade de cada uma com o céu de onde vieram.


até que na terra se desfaçam em mil outras gotas ou se infiltrem pelos espaços vazios entre os grãos de areia, siltes ou argilas que convivem com a morte e a vida dos que jazem e dos que dos que jazem se alimentam. ou que, por vezes, na nossa pele salpiquem a temperatura das alturas a que pertenciam quando sucumbiram, por falta de agitação molecular que lhes permitisse vencê-la, à inexorável força da massa terrestre que as não deixa fugir.


no dorso do vento frio, que enche os espaços deixados pela baixa pressão, a memória dos teus lugares preferidos é o sangue do teu calor, da tua ilha, neste arquipélago onde, ao contrário dos geológicos, cada ilha faz o seu próprio vulcão.



Porto, Abril de 2016

1 comentário:

Maria disse...

Quanto mais leio mais gosto...