depois de o sol se pôr
eu sei a noite
que adivinha o dia
depois de o coração bater
eu sei o sangue
e sinto entre artérias poesia
vinham dizer-me a toda a hora
que tenho hora marcada
pela lua vazia
acima de tudo pelas palavras
de quem mas dizia
e foi preciso ouvir os mortos
saber quantos anos vivem
lentamente
nas cascas das árvores
para surfar em pequenas nuvens a maresia
e rebentar na espuma
por onde a manhã se sumia
para poder ver aceso o tempo
tempo rastilho
tempo farol
tempo contado
tempo roubado
a todo o tempo que nunca nos foi dado
um para nascer, outro para morrer
e os outros, deram-mos
embrulhados na bruma
funda
funda fisga
que eu disparo
fecho um olho
e aponto à cabeça de gigantes.
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