sem aulas práticas nem valiam a pena as teóricas
e os amigos
ah! os amigos que são de todas as idades
e que ensinam e aprendem como os melhores professores
para eles inventámos um nome
camarada
nome de quem partilha a arma e a munição
o sangue e o coração
a boca aberta num grito ou fechada se for o caso
de ser o silêncio a salvação
pode dar-se a situação
se fores preso, camarada
que isto de democracia é bonito
mas nunca é certo nas mãos da burguesia
podem estalar no ar foguetes
e celebrar-se até em galas e sessões solenes
a pompa da circunstância do momento
que isso, aprendi, não faz da miséria abundância
senão em novela venezuelana
em que o sonho de silicone
surge no sono dos que vêem televisão
toda a vida fiz essa licenciatura
em direitos humanos de verdade sem prémios à mistura
nem nobeis nem sakharovs
que é como quem diz areia pós olhos
e os camaradas sempre atentos
as camaradas sempre em guarda
na linha da frente de rosto levantado
ameaçados e com medo de perder a vida
sabendo que se não forem camaradas
a já perderam
fazem a escola sem recreio
sem receio
opção revolucionária
de fazer sobre os escombros do que aprenderam
aquilo com que sonharam
não, não é por dentro que se muda
caso contrário, estamos fora.
1 comentário:
Nunca deixes de escrever, Miguel!
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