quinta-feira, 18 de outubro de 2018

sem título

por minha própria mão
o fogo no coração dos outros
e nunca entrei na unidade de queimados
aquele problema dos incendiários
que ouvem sirenes e se julgam bombeiros
apesar das nuvens e bulcões que os perseguem
até que o sol não brilhe
eis-me sem a matéria em que assento os pés
eis a tremenda massa ígnea que nos ascende
do estômago à alma
que nos transcende da alma à boca
rasgando os tímpanos
de todas as orquestras do mundo
eis um descanso uma clareira uma vontade
onde os lagos reflectem a verdade




aquele velho problema dos incendiários
não têm imagem nos espelhos
e nem sentem o sabor do sangue

e as flores o espanto
é a verdade que muda quando falas verdade.

Sem comentários: